quinta-feira, 29 de setembro de 2011

(Pre)conceito

Inspirada no livro “The Help” de Kathryn Stockett, ao qual estou dedicando as horas vagas - e algumas não vagas também, de tão boa que é a leitura – percebi a necessidade de escrever a respeito de uma coisa que, mesmo com a evolução da humanidade, ainda está muito presente na realidade em que vivemos: o preconceito.

Primeiramente, gostaria de definir a palavra. Quebremos em duas partes; pré e conceito. A palavra “conceito” vem do latim conceptus, do verbo concipere, que significa "conter completamente", "formar dentro de si", e nada mais é do que aquilo que a mente concebe ou entende: uma ideia ou noção, representação geral e abstrata de uma realidade. O prefixo “pré” nos remete a algo que antecede. Portanto, “preconceito” é um juízo preconcebido de algo ou alguém por qualquer atitude discriminatória.

O que mais fica martelando na minha cabeça é o por que das pessoas se incomodarem tanto com simples fato de outra ser negra, índia, branca, parda, mestiça OU heterossexual, homossexual, bissexual, transsexual OU brasileira, africana, americana, oriental, européia OU ateísta, evangélica, católica, espírita, candomblé.

Cada um tem a sua importância para o mundo em que vivemos hoje. Desde sempre há diferenças e desde nunca elas são respeitadas. Isso me gera certa revolta, pois jamais vou entender a razão (se é que ela existe nesse caso) de algumas pessoas excluírem, agredirem e discriminarem outra pelo simples fato de não haver similaridade física, intelectual ou de crenças. JAMAIS.

A História, nesse aspecto, mostra um processo lento e gradual de tentativa de mudança generalizada da realidade. Mas eu posso dizer que nenhum, repito, NENHUM mudou de fato a realidade dessa mania de discriminação.
Ninguém tem o direito de me julgar pelo simples fato de eu ser branca, com sardas, olhos e pele clara, católica, heterossexual e achar que está com a razão. Por trás de tudo isso eu posso ter mais coisas em comum do que qualquer indivíduo que tenha características visíveis contrárias as minhas possa imaginar.

O livro ao qual me referi no início do post mostra o quanto os negros eram discriminados na década de 60 no Mississipi, EUA. Uma das coisas que mais me impressionaram no livro foi o fato de constantemente os negros serem tratados como coisas contagiosas, repletas de doenças, inferiores aos brancos pelo simples fato de serem “de cor”, expressão utilizada com freqüência pela autora.

Uma frase proferida por uma branca, no livro, marca muito a superficialidade do conceito pré-estabelecido: “Não se pode deixar um negro e uma negra sozinhos juntos sem vigilância. Não é culpa deles: simplesmente não conseguem evitar.”. Isso nos mostra um certo ar de irracionalidade lançado aos negros, como se eles não tivessem capacidade de medir seus atos.

Mesmo quase cem anos após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea (1888) ainda havia o conceito de negro ser indigente, ter que se submeter incondicionalmente as ordens dos brancos. Pior ainda é pensar que agora são mais de duzentos anos da Abolição da Escravatura ainda julgamos pela cor da pele.

Pior do que pior ainda é saber que hoje isso está crescendo e se ramificando cada vez mais. O preconceito está presente em quase todos os lugares. É inacreditável, mas pessoas agridem outras pelo simples fato de possuirem gostos musicais diferentes. E o respeito, onde fica?

O problema é que essas pessoas se acham tão inteligentes, donos da verdade que de repente se acham no direito se sair medindo quem-vale-mais-que-quem. E isso, com o perdão da palavra, é ridículo. Poupem-me! É muito fácil ter preconceito. Quero ver quem é capaz de aprender a lidar com as diferenças, no mais amplo sentido, e permitir que o mundo seja um lugar onde todos possam viver sem ter que se esconder.

É uma questão que tem de ser refletida. Ninguém pode nem deve tirar o direito do outro de ser o que é e ser pleno.

2 comentários:

  1. Amei suas palavras, e mais uma vez faço delas, as minhas!
    Com certeza é difícil de se entender isso, por que toda hora falamos que estamos vivendo um era de avanços tecnológicos, mundo sem fronteiras, redes sociais conectando tudo e todos....mas isso não quer dizer nada, quando na verdade, ainda estamos praticamente parados na era das cavernas.
    É para além de se refletir, é pra mudar alguns antigos hábitos e atitudes!!

    Beijoos amiga!

    ResponderExcluir
  2. Curti, Nathy. Infelizmente ainda vivemos em uma era meio que pré-histórica, nesse sentido. Torço pra que mude o quanto antes essa forma de pensamento arcaico.

    ResponderExcluir